quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A pretensão de Douglas Fersan e Jordam Godinho



















Foi com certa estranheza que recebi o convite para o "Primeiro Seminário da Integração do Povo de Santo para os Direitos Humanos".
Perguntei que maluquice é essa? Parece coisa de político.
Mas como boa jornalista não ia recusar um convite sem conhecer o conteúdo (pelo menos não era um daqueles convites para empresas/pirâmides que já causaram tantos estragos). Foi quando me deparei com o nome de Douglas Fersan, um velho conhecido virtual meu. Vi que era um dos organizadores e o seu nome já deu credibilidade ao evento.
Já li inúmeros artigos de Douglas Fersan, artigos que falam tanto de religiosidade, formação cultural brasileira, com enfoque sociológico e sempre gostei do que li. Douglas Fersan é sociólogo, educador, sacerdote de umbanda, pesquisador e escritor. Seu livro "Um conto da Bahia" consegue misturar ficção e história de maneira sublime, já li duas vezes.
Sempre gentil, certa vez me cedeu um artigo, o qual publiquei no meu jornal independente Trecos & Cacarecos e também nesse blog.
Douglas Fersan eu conheço, ainda que apenas virtualmente. Mas não conhecia esse seu lado militante.
Mas quem é esse tal de Jordam Godinho, o outro idealizador do evento?
Apelei para a Santa Internet e como boa jornalista (é a segunda vez que digo isso) e descobri algumas coisas sobre esse ex-ilustre desconhecido. Jordam Godinho é um sujeito ligado à política, especialmente ao Partido dos Trabalhadores e mantém um blog de alto teor crítico, intitulado Observatório de Opiniões - excelentes artigos, diga-se de passagem. É também, segundo concluí pelas minhas pesquisas, um militante dos direitos humanos.
Então matei a charada. São dois pretensiosos.
Um pretensioso idealista, que pretende levar o nome da umbanda aos quatro ventos, mas não possui os canais. Douglas Fersan é quase um Dorival Caymmy no que se refere à reclusão. Raramente alguém vê seu rosto, raramente comparece a um evento, apenas produz suas obras na reclusão de seu lar que só Deus sabe onde fica. Porém não poderia perder a oportunidade de falar da sua umbanda, que tanto ama e defende.
Também pretensioso, mas não apenas idealista, Jordam Godinho é o oposto do companheiro de lutas Douglas Fersan. Jordam Godinho possui contatos, tem os canais necessários, é articulado, transita entre diversos meios representativos e políticos. São explícitas as pretensões políticas de Jordam Godinho - e não entendam isso como algo negativo, juízo de valores só poderão ser feitos após divulgadas as suas propostas, mas se é que posso adquirir ares de profetiza sem perder a credibilidade, afirmo que em muito breve Jordam Godinho será candidato a vereador.
Jordam Godinho precisava apenas de um nome que o apoiasse e dividisse com ele as farpas que provavelmente viria. Estava montada a dupla.
Dois pretensiosos.
Um com a ingênua pretensão de defender os direitos de sua fé.
Outro, articulado e calculista, porém bem intencionado, com a pretensão de iniciar aí a sua plataforma política.
O fato é que a união foi frutífera. Não pude comparecer ao Seminário, mas li a resenha obtive informação (jornalista tem sempre seus contatos) de quem esteve lá e me disseram que apesar de um certo nervosismo de principantes, o evento foi bem conduzido e frutífero.
Não sei dizer se intencionalmente, mas a dupla de pretensiosos conseguiu brilhar mais que nomes de peso que estiveram presentes no evento.
Pretensiosos?
Muito provavelmente o são, mas nem toda pretensão é negativa. Arrisco dizer que eles tem a apaixonantes e necessária pretensão de levantar uma bandeira que há muito tempo luta para flamejar, mas que consegue pouco mais que uma modesta brisa.
Como jornalista e umbandista estarei atenta aos próximos movimentos dos nossos amigos pretensiosos e idealistas - não sei onde termina tênue linha do elogio e se inicia a da crítica irônica, mas o fato é que torço por eles, mas sempre crítica, como uma boa jornalista (é a terceira vez que digo isso).